O agravamento da propagação do novo coronavírus no Brasil tem deixado pessoas com câncer preocupadas, principalmente as que estão terminando ou já finalizaram suas sessões de tratamento. É preciso ir às consultas de revisão ou é melhor adiar para quando a pandemia terminar?
O radio-oncologista Guilherme Rebello, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), explica que essa revisão com o médico pode ser postergada, mas deve ser feita. Segundo ele, é o tipo de tumor e seu estágio que determinam por quanto tempo essa consulta pode esperar.
“A consulta é o momento em que o paciente pode relatar suas queixas e o médico acompanhar tais alterações. Ela acontece tanto durante o tratamento da radioterapia, a qual fazemos de forma semanal, quanto após o seu término. Pode ser adiada, mas jamais cancelada. Para minimizar a exposição dos pacientes, procuramos diminuir a frequência com que essas revisões ocorrem”, afirma Guilherme Rebello.
Esse tipo de cuidado se torna necessário durante a pandemia porque pacientes oncológicos podem ter queda na imunidade devido à doença ou por causa dos tratamentos aos quais são submetidos (quimioterapia, radioterapia, uso de corticoides, por exemplo). Dependendo do tipo de tumor, em caso de contágio pela Covid-19, o risco de complicações aumenta.
“No IRV foi criado um fluxograma de entrada onde pacientes e acompanhantes são abordados com medidas de temperatura e questionamentos específicos referentes a contatos com pessoas e sinais e sintomas de febre. Cuidados específicos são também lembrados, como uso de máscara, álcool gel ao chegar e sair do consultório, evitar permanecer por longo período no local, manter distanciamento de 2 metros entre os outros pacientes e higiene pessoal ao chegar em casa”, explica o médico.
Guilherme Rebello ressalta que é fundamental que o paciente discuta com seu médico na consulta os riscos da Covid-19 e do tumor, de forma a planejar os próximos passos com segurança, pois câncer é uma doença grave que pode matar.
“É de suma importância para monitorar o resultado do tratamento e realizar possíveis novas estratégias terapêuticas no tempo certo. O objetivo é não perder a chance de controlar o tumor”, afirma o especialista.
Orientações seguidas
A educadora aposentada Silvana Brickwedde, de 59 anos, moradora de Domingos Martins, segue à risca as orientações médicas em sua luta contra um câncer na coluna. Ela terminou um ciclo de radioterapia no IRV e toma todos os cuidados quando precisa sair de casa.
“Passo por todas as consultas de revisão porque elas são importantes para as próximas etapas. Tive tumor de mama em 2013 e me tratei. Depois, em 2016, surgiu o câncer na coluna e continuo em tratamento mesmo na pandemia. Uso máscara, álcool gel, tomo banho assim que volto pra casa, até minha bolsa eu lavo. O fundamental é não parar de cuidar da minha saúde”, conta Silvana.