O servidor público Sérgio Luiz Pimentel, 56 anos, luta há meses contra o câncer de próstata. Atencioso com a saúde, ele tem o hábito de ir ao médico para fazer avaliações periódicas. O que ele não esperava é que o diagnóstico da doença só fosse confirmado numa ressonância magnética, tendo passado despercebida por exames como toque retal e ultrassom.
Morador da Serra, Sérgio conta que descobriu no início de 2019 que estava com o PSA – teste sanguíneo usado principalmente para rastreamento do câncer de próstata em homens assintomáticos – alto, em 8 ng/mL, quando se consultou com o urologista. Na ocasião, ele passou pelo exame de toque, que não revelou nada.
Depois de receber recomendação médica para se cuidar e continuar a investigar, Sérgio passou por problemas familiares que o deixaram muito triste, fazendo com que não voltasse ao consultório. Ao retornar ao urologista, repetiu o PSA, que continuava alto, e o exame de toque, sem qualquer registro de tumor. Mas o servidor resolveu investigar mais a fundo e passou por um ultrassom, que também não mostrou nada de anormal.
Por fim, Sérgio foi submetido a uma ressonância magnética, que flagrou a existência de dois nódulos na próstata. A biópsia foi realizada e confirmou que as lesões eram malignas.
Em março passado, o servidor passou por uma cirurgia em que retirou quase toda a próstata. Ao retornar ao urologista, descobriu que o PSA, que havia baixado, tinha voltado a crescer. Foi então que Sérgio foi encaminhado para fazer 30 sessões de tratamento no Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), que foram finalizadas neste mês de novembro.
“O que me deu força para encarar essa fase da minha vida foi primeiro Deus, que é poderoso e não nos abandona, e a minha família, minha esposa e meu filho”, contou Sérgio.
Lesões pequenas
Especialista em radioterapia, o médico Guilherme Rebello, do IRV, explica que o PSA é um exame muito específico para detecção de tumores precocemente.
“Geralmente, o PSA se eleva junto com o crescimento do tumor de próstata. Mas se a lesão for pequena, pode passar despercebida no toque retal ou no ultrassom, que são exames simples de rastreio. Somente com exame mais acurado, como a ressonância, é possível detectar”, disse.
O médico destaca a importância dos exames anuais para a saúde do homem.
“A principal importância é a detecção precoce da doença, situação onde se encontra maiores taxas de cura após tratamento adequado”, destacou.
Guilherme Rebello explica que a radioterapia proporciona um excelente controle da doença, ocasionando a morte de células tumorais na próstata: “Em casos de disseminação, o tratamento direcionado às metástases oferece um alívio sintomático satisfatório”.
Neste Novembro Azul, mês em que é realizada a campanha de conscientização do câncer de próstata, Sérgio dá um conselho aos homens que andam correndo do consultório médico.
“É bom procurar o médico enquanto há solução, porque depois que alastra, fica difícil ser tratado. Todo homem deve deixar de ser um pouco machista e fazer esse acompanhamento”, afirma Sérgio.
Estatísticas
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que 65.840 novos casos de câncer de próstata serão registrados no Brasil em 2020, sendo 1.380 no Espírito Santo.
De janeiro a setembro deste ano, a doença matou 238 homens no Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Em 2019 foram 318 óbitos. No Brasil, dados do Atlas de Mortalidade por Câncer, com informações do Ministério da Saúde, revelam que 15.576 homens morreram em decorrência deste tipo de tumor em 2018.