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A radioterapia no tratamento do câncer de mama: tire suas dúvidas

Evolução da técnica permite melhor controle da doença e redução dos riscos de complicações

O tratamento do câncer de mama, o tipo mais frequente nas mulheres, evoluiu muito nos últimos anos. Até pouco tempo atrás, quando surgia um tumor, a mama era removida totalmente, incluindo o músculo que ficava abaixo dela e todos os gânglios da região da axila. Atualmente, as cirurgias são menos invasivas. Muitas vezes, é necessário apenas a retirada de pequenos fragmentos da mama e de alguns gânglios debaixo do braço. Para a maioria dos casos, a mutilação tornou-se coisa do passado.

Atualmente, duas em cada três pessoas com câncer são tratadas com radioterapia, de forma isolada ou em combinação com outros métodos como cirurgia e quimioterapia, segundo a American Society of Radiotion Oncology (Astro).

O médico rádio-oncologista Pérsio Pinheiro de Freitas, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), localizado na Serra, explica que o desenvolvimento da técnica da radioterapia permite a possibilidade de concentração crescente de radiação na área de tratamento e, ao mesmo tempo, a diminuição de dose nos tecidos sadios próximos à região afetada. “Isso possibilita melhor controle da doença e a redução dos riscos de complicação, como necroses e dermatites grandes”, observou.

Segundo ele, os avanços da radioterapia, resultantes do progresso tecnológico, permitiram o emprego de diferentes métodos de imagens e a criação de sistemas de aplicação de radiação controlada por computador.

“Essas ferramentas têm levado ao desenvolvimento de diferentes técnicas de tratamento e de verificação, tais como, Radioterapia Conformada, Radioterapia com Intensidade Modulada do Feixe (IMRT), Radioterapia Guiada por Imagem (IGRT) e Radiocirurgia”, explica o médico.

Abaixo, veja algumas das principais dúvidas a respeito do assunto, e as explicações do médico.

– O que pode causar o câncer de mama?

Há alguns fatores que estão associados ao aumento do risco de desenvolver a doença. Mas aumentam na medida em que se envelhece. Primeira menstruação precoce, não amamentação, uso de terapia de reposição hormonal, consumo excessivo de álcool, obesidade na pós-menopausa e sedentarismo são associados ao risco. Há ainda a herança genética, responsável por menos de 10% dos cânceres de mama. A incidência pode ser maior quando os parentes acometidos pela doença são de primeiro grau (pai, mãe, irmãos, filhos).

– É sempre possível notar a doença por meio do toque nos seios?

Não, o tumor tem uma fase em que as lesões não são palpáveis. Por isso, é importante a realização de exames de imagem na faixa etária de maior risco. Mas a forma mais habitual é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor. Outros sinais e sintomas são edemas semelhantes à casca de laranja, irritação ou irregularidades na pele, dor, descamação ou saída de secreção pelo mamilo.

– Prótese de silicone nos seios pode levar à doença? 

Não há evidência científica de que exista a associação entre implantes mamários de silicone e o risco de desenvolvimento de câncer de mama.

– Quais são as chances de cura de câncer de mama?

Quando diagnosticado precocemente, há até 95% de chance de cura. Por isso, é importante que toda mulher de 50 a 69 anos faça mamografia a cada dois anos. Para mulheres com risco elevado de desenvolver câncer de mama, tais como histórico familiar, a recomendação é de iniciar mamografia e exame clínico, anualmente, a partir de 35 anos.

– E a pílula anticoncepcional, pode aumentar o risco da doença? 

Há estudos que demonstram pouca relação de causalidade entre pílula anticoncepcional e risco da doença, já outros apontam alguma relação.

–  Qual é a incidência do câncer de mama nos homens? 

O câncer de mama em homens é raro. Pesquisas apontam que, do total de casos da doença, apenas 0,8% a 1% ocorrem em pessoas do sexo masculino.

– Mudanças de hábito e evitar o consumo de determinados alimentos podem reduzir os riscos de desenvolver a doença? 

Certamente e em até 28% dos casos de câncer de mama. O excesso de peso, por exemplo, precisa ser eliminado, porque significa alteração nos níveis hormonais. A ingestão excessiva de álcool também causa alterações na produção de hormônios, como o estrogênio, o que pode desencadear a patologia. Fazer exercícios físicos ajuda a queimar gorduras e a equilibrar os hormônios. Já o consumo de alimentos de origem vegetal, como  frutas, legumes, verduras e leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico) inibe a chegada de compostos cancerígenos às células. Evite os embutidos, que apresentam grande quantidade de sal, nitritos e nitratos. Esses conservantes, em contato com o suco digestivo do estômago, se transformam em compostos cancerígenos.

– Como é realizado o tratamento de câncer de mama? 

O tratamento é multidisciplinar, e envolve a atuação de vários especialistas médicos, como mastologista, radiologista, oncologista clínico, radio-oncologista, enfermeira especializada, psicólogo, fisioterapeuta e assistente social. Habitualmente, o tratamento requer cirurgia e é complementado pela radioterapia e pela quimioterapia/hormonioterapia.

– Para que serve a radioterapia?

A radioterapia compõe, ao lado da cirurgia e da quimioterapia, o tripé do tratamento oncológico.  É uma modalidade clínica que utiliza radiações ionizantes (como, por exemplo, o raio-X)  para combater o câncer.

– A radioterapia pode atingir as células normais?

Sim, porém, a radioterapia moderna, com técnicas precisas, permite que sejam depositadas doses elevadas nas células doentes, ao mesmo tempo em que as sadias sejam preservadas.