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Agosto Dourado: amamentar pode evitar câncer de mama e de ovário

Por Persio Pinheiro de Freitas

O Governo Federal sancionou recentemente uma lei que institui agosto como o Mês do Aleitamento Materno. É o Agosto Dourado, cujo objetivo é reforçar que o ato de amamentar gera benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê, reduzindo a incidência de muitas doenças.  Neste ano, o tema é “Trabalhar juntos para o bem comum”.

Apesar de a lei 13.435 ter sido aprovada em abril, no Brasil, desde 1999, o Ministério da Saúde coordena a Semana Mundial de Aleitamento Materno. Diversas organizações governamentais e não governamentais, comunidades científicas, grupos religiosos e outros segmentos da sociedade se mobilizam para promover, proteger e apoiar a necessidade da amamentação.

Mesmo assim, muitas pessoas ainda desconhecem essa campanha e até mesmo a sua importância para apoiar e proteger a saúde materno-infantil em toda a sua integralidade.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)  recomendam a amamentação imediata após o nascimento e o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do bebê. Após o primeiro semestre, deve-se incluir alimentos nutritivos, como complementação ao leite.

No Brasil, porém, apenas 39% das mães seguem essas recomendações, de acordo com levantamento dessas instituições. Mesmo assim, a OMS preconiza uma meta global a ser alcançada até 2025, que é de pelo menos 50% dos bebês receberem o aleitamento materno, o que vai depender de esforços e da mobilização de toda a sociedade.

O ato de amamentar também é fundamental para a saúde das mães, e contribui para diminuir os riscos de incidência do câncer de mama e do ovário. Segundo dados de 47 estudos epidemiológicos realizados em 30 diferentes países com mais de 140 mil mulheres, a cada 12 meses de amamentação, há redução de 4,3% no risco de tumor mamário.

Um desses estudos foi feito pela World Cancer Research Fund, uma organização de pesquisa sobre a doença, que concluiu que amamentar por pelo menos um ano reduz os riscos de desenvolver esse tipo de câncer em 4,8%.

Outra pesquisa, desenvolvida por pesquisadores australianos da Curtin University, concluiu que mulheres que amamentam por pelo menos 13 meses têm 63% menos probabilidade de desenvolver câncer de ovário em comparação com as que seguiram a recomendação por período inferior a sete meses. Os dados foram mencionados na publicação American Journal of Clinical Nutrition e divulgados pelo jornal Daily Mail.

Segundo concluíram os cientistas, isso ocorre porque a amamentação retarda a ovulação e, consequentemente, diminui o nível de hormônios no organismo.  Pesquisadores afirmam que, quanto maior o número de ovulações, há mais chances de ocorrer a formação de células mutantes pelos altos níveis de estrogênio a que são expostas.

A revisão das pesquisas sobre o aleitamento materno indica ainda que bebês que foram amamentados são menos propensos a consumir muitas calorias ou proteínas em excesso e se tornarem obesos. O que propiciará a esses indivíduos, no futuro, uma vida mais saudável, já que a gordura aumenta o risco da incidência de pelo menos seis tipos de tumores: nos rins, pancreático, no esôfago, de mama no período pós-menopausa, de útero e de intestino.

Pérsio

Persio Pinheiro de Freitas é rádio-oncologista do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV)