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Covid-19: médica afirma que pessoas com câncer devem manter cuidados após vacina

Dra Anne Kiister Leon, médica do IRV

 

A vacinação da população contra a Covid-19 já teve início e grupos prioritários aos poucos estão sendo chamados para a imunização. Incluídas no grupo de risco, pessoas com câncer não devem deixar de lado medidas de higiene e de distanciamento social adotadas durante a pandemia, mesmo depois que forem imunizadas.

De acordo com a médica Anne Karina Kiister Leon, especialista em radioterapia, o autocuidado precisa ser mantido, assim como antes da pandemia. 

“A vacina é importante, mas tem que manter o cuidado e a higiene com tudo porque esses cuidados que tivemos com o coronavírus também previnem que as pessoas peguem outras infecções virais, infecções respiratórias, algumas doenças que são transmitidas por contato. Os pacientes devem permanecer com os cuidados, até porque a imunidade fica mais baixa, e não se descuidar das consultas e exames de rotina”, disse Anne Kiister, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV). Ela exemplifica como os cuidados redobrados com a higiene impactaram positivamente na saúde das pessoas. 

“Antes da pandemia, as pessoas ficavam muito gripadas porque não tínhamos esse cuidado de lavar as mãos, de fazer distanciamento. Com a Covid-19 e essas medidas, esses números caíram”, pontuou. 

Diagnóstico tardio 

De acordo com a médica, a pandemia afetou diretamente o tratamento do câncer. Com medo de se contaminarem, muitas pessoas deixaram de fazer exames de rotina. A consequência da falta de diagnóstico é que tumores acabam sendo descobertos em estágios mais avançados. Nestes casos, tratamentos com intuito curativo já não são mais eficazes, e as opções ficam mais restritas e agressivas. 

“Tumores em fase inicial, lesões pré-malignas, foram sendo subdiagnosticados. E só quando estavam muito sintomáticos é que pacientes procuraram atendimento médico e descobriram a doença. Recentemente, atendi uma paciente que tinha percebido um caroço na mama, mas resolveu só observar. Caso crescesse, procuraria um médico. Ela deixou o tempo passar e quando foi ver, o tumor cresceu. Então, é preciso manter o autocuidado”, disse Anne Kiister. De acordo com ela, pessoas com câncer ainda temem o coronavírus, mas muitas delas retornaram para o tratamento porque perceberam que os tumores permaneceram e poderiam se agravar. 

“Não podemos deixar de cuidar porque o câncer também mata. Todo mundo tem medo do câncer, medo do coronavírus. Enfim, tem que tratar os dois, prevenir os dois”, disse.

Além de protocolos de higiene, intervalos maiores entre consultas, medição de temperatura e distanciamento adotados durante a pandemia, o IRV também começou a hipofracionar a radioterapia, ou seja, o paciente passou a receber a mesma dose equivalente do tratamento em menos tempo. Com isso, a necessidade dele ir ao serviço médico para receber cuidados oncológicos diminuiu.