O tabagismo está relacionado a mais de 50 doenças e corresponde a 30% de todos os casos de câncer no mundo, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os mais conhecidos são os de pulmão, boca, faringe, laringe e esôfago. Esses são alguns dos motivos que levaram a criação do Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado no dia 31 de maio.
No Brasil, os gastos com o tratamento de alguns dos problemas de saúde causados pelo vício superam em mais de três vezes a arrecadação de impostos sobre cigarros, que é o produto com tabaco mais consumido pela população, como apontou um estudo publicado em 2015.
A boa notícia, de acordo com a médica rádio-oncologista Anne Karina Kiister Leon, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), é que houve uma redução significativa da quantidade de fumantes no País nos últimos trinta anos.
“Comparando estatísticas da década de 1980, quando o Ministério da Saúde começou as campanhas contra o tabagismo, com as atuais, vemos que aproximadamente 34% da população fumavam naquela época. Hoje, essa parcela corresponde a 14%”, afirma a médica.
Em abril, a divulgação de uma pesquisa internacional financiada pela Bill & Melinda Gates Foundation e pela Bloomberg Philanthropies colocou o Brasil como um bom exemplo de combate ao vício no cigarro. Ela constatou que, em 25 anos, houve queda do percentual de fumantes diários no País, passando de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre as mulheres. Foram analisados dados dos anos 1990 a 2015, de 195 países.
Mas, apesar dos esforços, ocupamos o oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes, sendo 7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens.
Veja abaixo as sete perguntas mais frequentes sobre o vício em cigarro:
1 – Quais danos são causados à saúde de quem fuma?
O tabagismo pode causar mais de 50 doenças, principalmente cardiovasculares, respiratórias e cânceres. Diminui também as defesas do organismo, o que facilita a incidência de problemas como gripe e tuberculose. Está relacionado ainda à impotência sexual e ao aumento do risco de aborto espontâneo em 70% em grávidas que fumam.
Além de ter mais de quatro mil substâncias tóxicas, como nicotina e monóxido de carbono, que fazem mal à saúde, a fumaça do cigarro contém elementos radioativos, como polônio 210 e cádmio, presente em baterias de carros.
2 – O que é o “fumante passivo”?
É o não fumante que convive em ambiente fechado com um ou mais fumantes e inala a fumaça dos derivados do tabaco.
3 – Existem riscos para o fumante passivo?
Essas pessoas têm de duas a três vezes mais risco de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo do que quem não convive. A fumaça que sai da ponta acesa do cigarro tem em média três vezes mais nicotina e monóxido de carbono, e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas, do que a inalada pelo fumante. Reações alérgicas, tais como rinite, tosse, conjuntivite e asma; eventos cardíacos, como infarto agudo do miocárdio; e doenças crônicas, como câncer de pulmão, enfisema pulmonar e bronquite, são problemas de saúde que podem surgir em tabagistas passivos.
4 – O que causa a dependência no cigarro?
É a nicotina, uma droga presente no produto, que atua sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), causando a sensação de bem-estar. Com o uso contínuo, o cérebro se adapta e passa a precisar de doses cada vez maiores da substância para se manter satisfeito como no início da drogadição.
5 – É possível parar de fumar só tendo força de vontade?
Só isso não basta. Além da força de vontade, é preciso buscar apoio em grupos de ajuda e realizar tratamentos complementares, como o uso de antidepressivos, para controle da ansiedade, e de adesivos de nicotina em nível decrescente da quantidade da substância, para que o desejo pelo cigarro seja perdido aos poucos.
6 – Qual é o passo a passo para quem quer parar de fumar?
Primeiro procurar apoio e participar de um grupo para quem deseja parar de fumar. Ele funciona semelhantemente aos Alcoólicos Anônimos (AA). Demonstrar ter vontade de deixar o vício e ter determinação para alcançar o objetivo também são fundamentais. Evitar a ingestão de café e bebidas alcóolicas e, acima de qualquer coisa, o novo contato com a droga.
7 – O fumante passivo pode se tornar um fumante dependente?
Não. O fumante passivo vai sofrer as consequências da inalação da fumaça do cigarro.