A radioterapia é um dos tratamentos oncológicos usados para destruir células cancerígenas, além de controlar dores e sangramentos. O que muita gente não sabe é que a Física cumpre um papel fundamental para que cada paciente receba a dose exata de radiação no combate ao tumor.
Esse trabalho é feito pelos físicos médicos, profissionais altamente capacitados que, além de Física, possuem conhecimentos em Medicina,
Biologia, Matemática e até Computação, uma vez que lidam com softwares complexos e algoritmos para captura e tratamento de imagens com definições de alto padrão. Eles aliam a tecnologia à área da saúde.
Mas, na prática, como isso se aplica na radioterapia? Dentre as funções do físico médico está zelar pelo controle de qualidade e pela dosimetria clínica, de forma a garantir que os equipamentos entreguem a quantidade exata de radiação prescrita pelo médico radioterapeuta para cada paciente.
“As três principais frentes de ação do físico médico são a dosimetria clínica, controle de qualidade e o programa de gestão de risco. Na dosimetria clínica, nós somos os responsáveis em calcular a dose de radiação que o paciente vai receber. Na frente do controle de qualidade, cuidamos da máquina, do acelerador linear, para que ele entregue a radiação calculada. E na frente de controle de risco, são todos os riscos inerentes a erros ou processos e também riscos envolvidos à utilização da radiação”, explica André Kiister Leon, físico médico do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV).
A equipe de Física Médica do instituto é composta por quatro profissionais, que trabalham em conjunto com os médicos especialistas em radioterapia nos planos de tratamento de cada paciente. Uma das dúvidas mais comuns dos pacientes sobre este tipo de tratamento de câncer é se existe risco de a pessoa ficar radioativa após as sessões.
O físico médico Menelau Yacovenco Arguiropulo esclarece: “Não, não fica radioativa. Vamos comparar, por exemplo, uma pessoa que vai à praia e fica deitada por 1 hora ao sol do meio-dia. Quando ela volta para casa, não fica brilhando. Tanto a energia do sol quanto a energia do raio X usado em radioterapia não possuem elementos radioativos. É energia pura. A diferença é que o raio X usado no tratamento possui energia muito alta e tem a capacidade de atravessar os tecidos e destruir as células malignas, enquanto a energia solar que recebemos na praia não faz isso. Tanto o raio X quanto a energia solar e até mesmo uma simples lâmpada emitem ondas eletromagnéticas. A diferença está na energia de cada uma delas”.
Além de radioterapia, os físicos médicos também podem trabalhar com medicina nuclear e radiodiagnóstico.
Treinamento em emergência
Além do cuidado no uso do acelerador linear, outro fator que é fundamental para zelar pela qualidade no serviço de radioterapia é estar preparado para lidar com uma situação inesperada.
Por isso, a equipe do IRV participou do treinamento “Atendimento de Urgência e Emergência ao Paciente em Radioterapia”, ministrado pela Focus Consultoria. Essa capacitação reuniu médicos, enfermeiros e técnicos de radioterapia nos dias 26 de setembro e 3 de outubro. De acordo com a enfermeira Naiara Vidoto, essa capacitação é fundamental, pois permite que a assistência ao paciente seja ágil e eficiente.