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Exame que aponta 5 tipos de câncer pode ajudar a salvar vidas

Cientistas da Universidade da Califórnia (EUA), em parceria com pesquisadores da Universidade Fudan (China) desenvolveram um exame de sangue capaz de identificar cinco tipos de câncer cerca de quatro anos antes do surgimento dos primeiros sinais. Batizado de PanSeer, o teste e seus resultados preliminares foram publicados na revista científica “Nature Communications”, do grupo Nature.

O PanSeer conseguiu detectar tumores colorretal, de estômago, esôfago, pulmões e fígado. A ideia é que esse exame possa ser feito no futuro como uma espécie de check-up anual e, com isso, antecipar tratamentos. O radio-oncologista Carlos Rebello, diretor do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), explica que o teste não “adivinha” quem vai ter câncer, mas informa o diagnóstico de pessoas assintomáticas. “O exame permite analisar o plasma sanguíneo em busca de moléculas que costumam aparecer no DNA de possíveis tumores. Os pesquisadores desenvolveram um sistema capaz de apontar lesões silenciosas, o que pode ajudar a salvar vidas”, destaca o médico.

Dr Carlos de Freitas Rebello, médico do IRV

Para realizar o estudo, os cientistas usaram algoritmos de inteligência artificial para criar um sistema que pudesse determinar se algum DNA no sangue poderia indicar a existência de tumor. Depois, com o software calibrado, ele foi aplicado em 605 amostras de voluntários assintomáticos colhidas entre 2007 e 2014. Deste total, 191 desenvolveram um dos cinco tipos de câncer avaliados no estudo (95% deram positivo no PanSeer). Entre os 414 que não tiveram a doença, o teste deu negativo em 96% dos casos. 

Radioterapia 

Os cinco tipos de tumores são tratados com radioterapia no IRV, de acordo com indicação médica e o estágio da doença. Segundo Carlos Rebello, o maior desafio nos dias atuais continua sendo descobrir o câncer em estágio inicial. 

“A grande dificuldade está no diagnóstico precoce. Sabemos que, de uma maneira geral, quando identificamos tumores na fase inicial, mais que 90% têm sobrevida acima de 5 anos, diferente de quando a detecção é mais avançada, que gira em torno de 25%”, afirma Carlos Rebello. 

O médico considerou a descoberta positiva, pois pode auxiliar os especialistas a definirem os tratamentos mais adequados para seus pacientes, como a radioterapia. 

“Por se tratar de estudo preliminar devido ao pequeno número de pessoas testadas, outras pesquisas devem ser feitas para confirmar a eficácia do método. A radioterapia vem evoluindo nos últimos anos,

acompanhada pela tecnologia e informática. É uma poderosa arma de tratamento no combate a qualquer dos tumores citados”, destaca. 

Menos invasivo 

O PanSeer tem a vantagem de ser menos invasivo do que outros tipos de exames, como a colonoscopia. Entretanto, ele apenas indica a existência de um tumor no corpo. 

Atualmente, os médicos contam com alguns exames para descobrir a existência do câncer. No caso do esôfago, Carlos Rebello afirma que é possível realizar uma endoscopia digestiva alta, seguida de biópsia e ultrassom endoscópico. Já na análise do estômago, a orientação é fazer uma endoscopia, sendo a primeira entre 40 e 45 anos, e depois a cada dois anos. 

Nos casos de câncer de fígado, a detecção precoce pode ser feita por dosagem de alfafetoproteína sérica e com uma ultrassonografia abdominal. Entre os exames usados para confirmar o diagnóstico, o médico destaca a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. 

Por fim, para identificar tumores no pulmão, existem exames de células do escarro, raio X de tórax, tomografia computadorizada do órgão e broncoscopia com biópsia.