Moradora de Vitória percebeu que algo estava errado durante um autoexame. Tumor em gestantes é considerado raro, explica médica
O próximo dia 9 de maio promete ser uma data muito especial para a geógrafa Larissa Belo, de 33 anos. Será o primeiro Dia das Mães que ela passará ao lado da filha Laura, de 7 meses, após encerrar uma etapa do tratamento contra um câncer de mama descoberto no final da gravidez, em plena pandemia.
Larissa ficou grávida em janeiro de 2020. Em março, com as restrições impostas pelo novo coronavírus, a geógrafa buscou se preservar de todas as formas para não pegar Covid-19, com medidas de higiene, uso de máscara e distanciamento social.
Mas em setembro do ano passado, quando completou oito meses de gestação, sentiu um caroço na mama direita e desconfiou. “Sempre tive o hábito de realizar o autoexame e percebi que algo estava errado. Fiz a biópsia numa terça-feira, a Laura nasceu na sexta, dia 2 de outubro, e alguns dias depois tive a confirmação de que estava com câncer de mama”, contou a geógrafa, moradora de Vitória. Larissa iniciou o tratamento no dia 3 de novembro, que incluiu quimioterapia, uma cirurgia para extração de parte da mama onde o tumor estava localizado (quadrantectomia) e 15 sessões de radioterapia, que ela concluiu na semana passada, no Instituto de Radioterapia Vitória (IRV).
A partir de agora, Larissa passará por uma nova avaliação e realizará monitoramento da doença a cada dois meses.
Ela conta que encontrou forças para enfrentar a fase mais dura do tratamento na fé e na maternidade.
“A Laura era o meu remédio. Chegava em casa após passar pelo tratamento, olhava para ela sorrindo para mim, e me sentia muito melhor. Sem falar que ela tomava meu tempo e isso me ajudou a encarar o tratamento de forma mais leve, porque eu tinha que cuidar
dela também. Eu sentia muita dor no início e os efeitos colaterais foram difíceis, precisei contar muito com o apoio da minha família. Mas o tempo inteiro eu estava otimista. Não me via doente. Hoje, quando olho fotos minhas durante o tratamento, não me reconheço”, afirma Larissa. A geógrafa conta que chegou a ter um sonho, em que uma mulher dizia para ela que tudo ficaria bem.
“Acredito que tirei forças da minha fé. Minha mãe Regina e meu esposo Kristian sempre me diziam que a gente iria focar em um dia de cada vez. Eu tive um sonho no início do tratamento, quando eu sentia muita dor. Nele, uma mulher falava comigo: ‘Essa batalha a gente já venceu, fica tranquila que a gente já venceu’. Aquilo me deu uma certeza que não sei explicar, de que aconteça o que acontecer, vai dar certo”, conta.
Câncer raro
A médica radioterapeuta Lorraine Juri, do IRV, explica que câncer de mama durante a gravidez é raro e atinge em média uma a cada três mil mulheres. Mas, ainda assim, é o tipo mais comum de tumor diagnosticado durante a gravidez, amamentação ou durante o puerpério.
“As alterações hormonais durante a gestação fazem as mamas se tornarem maiores, mais sensíveis e densas, o que pode dificultar o diagnóstico na fase inicial da doença. Assim que a mulher notar alguma alteração na mama, deve procurar imediatamente o seu médico”, destaca a especialista.
Segundo ela, a maneira correta de diagnosticar um câncer de mama é realizando uma biópsia, que é um procedimento com pouco risco para o feto. “O tratamento sistêmico ou radioterápico deverá ser indicado após a gestação”, explica.
Roupa para mãe e filha
Para celebrar seu primeiro Dia das Mães com Laura, Larissa encomendou um look especial para mãe e filha.
“Estou muito feliz, encomendei até roupa mãe e filha. Eu me emociono muito olhando para Laura. Porque eu falo: ‘Caramba, minha filha, por uns dias passou pela minha cabeça que você poderia crescer sem mim’. E eu não poderia ter vivido nada disso. Poder viver com ela esse Dia das Mães e todos os dias é um presente para mim”, afirma Larissa, emocionada.