Câncer de pâncreas mata 11 mil pessoas por ano no Brasil. Maioria dos casos é diagnosticada em fase avançada
A morte do jornalista Gilberto Dimenstein por câncer de pâncreas, ocorrida no último dia 29, em São Paulo, trouxe um alerta para uma doença silenciosa e agressiva que, na maioria das vezes em que é diagnosticada, já se encontra em estágio avançado.
O premiado jornalista, que trabalhou por 28 anos no jornal Folha de S. Paulo, lutou contra o tumor durante nove meses, com cirurgia e quimioterapia. Entretanto, a doença se alastrou para o fígado, agravando o quadro de saúde de Gilberto, que tinha 63 anos. No Brasil, a neoplasia vem aumentando e é associada a fatores hereditários e a fatores externos, como tabagismo, diabetes, obesidade, inatividade física e pancreatite (caso de Dimenstein). De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde, a doença é o 13o tipo de câncer de maior incidência no país. De difícil detecção, sua taxa de mortalidade é alta, em função do diagnóstico tardio. No Brasil, é responsável por 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por essa doença.
Mortalidade no país
Dados do Atlas de Mortalidade por Câncer mostram que no total foram 11.099 mortes por câncer de pâncreas no país, sendo 5.497 homens e 5.601 mulheres (os últimos dados disponíveis são de 2018). Em comparação com 2017, foram 10.754 óbitos, sendo 5.316 homens e 5.438 mulheres. “O prognóstico de câncer de pâncreas é sempre muito reservado porque 75% dos casos já são diagnosticados na fase avançada. E quando é possível realizar uma abordagem cirúrgica, o risco da doença aparecer numa outra parte do corpo (metástase) é grande”, explica o radio-oncologista Nivaldo Kiister, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV).
Estilo de vida saudável
De acordo com o especialista, o melhor jeito de prevenir esse tipo de tumor é levar uma vida mais saudável, com alimentação equilibrada, sem fumar, sem beber e com uma rotina de exercícios. O pâncreas é uma glândula que faz parte do aparelho digestivo. Ele fica atrás do estômago, na parte superior do abdômen, e tem como função produzir enzimas para a digestão dos alimentos, e insulina, hormônio que diminui o nível de açúcar (glicose) no sangue. O adenocarcinoma é o tipo de câncer de pâncreas mais comum, com 90% dos diagnósticos. Alguns sintomas merecem atenção especial, como icterícia, urina escura, dores no abdômen e costas, cansaço e perda de peso e apetite. Dentre os exames usados para diagnosticar a doença estão tomografia de abdômen ou ressonância magnética de abdômen.
“Câncer de pâncreas é na maioria das vezes tratado cirurgicamente, associado à quimioterapia e radioterapia, quando indicado. A radioterapia com finalidade pré-operatória, ou seja, para reduzir o tamanho do tumor e assim facilitar a remoção cirúrgica, excepcionalmente é indicada”, explicou Nivaldo Kiister.