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Novembro Azul: Risco de câncer de próstata é maior em negros do que em brancos

Cerca de 61mil novos casos podem ser registrados no País até o fim do ano, segundo o Inca

O câncer de próstata é o segundo que mais afeta a população masculina no Brasil (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma), de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Dados apontam que a probabilidade de um homem negro ter a doença é 1,6 vez maior do que um branco. E essa diferença pode se dar, em parte (cerca de 5% a 10%), devido a uma propensão genética, observada pelas altas taxas de incidência desse câncer em jamaicanos, caribenhos e americanos com ascendência africana.

O rádio-oncologista Persio Freitas, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), acrescenta que um tipo de câncer de próstata é mais comum entre os negros brasileiros: “O adenocarcinoma. Ele ocorre mais precocemente, sendo o mais grave”, afirma. Essa prevalência foi identificada em uma pesquisa feita pelo Hospital das Clínicas de São Paulo com mais de 3 mil homens.

Europa

Já na Europa, uma análise de todos os casos da doença registrados nas cidades de Bristol e Londres, realizada pela Universidade de Bristol, revelou que os homens negros que vivem na Inglaterra têm até três vezes mais risco de sofrer de câncer de próstata do que os brancos.

“Antes, suspeitava-se de que os negros demoravam procurar assistência médica e, por isso, os tumores eram detectados em estágio avançado. Mas, as evidências mostraram o contrário. Eles, na verdade, eram afetados pela doença até cinco anos mais cedo do que os brancos e tendiam a fazer o teste PSA (sigla em inglês para antígeno prostático específico) – exame que alerta para a possibilidade de câncer – antes dos 50 anos”, completa o rádio-oncologista.

Influências socioeconômicas e geográficas

Se de 5% a 10% do risco podem ser genéticos, o restante da diferença tem sido atribuído, pelo Inca e pela sociedade científica, a fatores como o estilo de vida, a alimentação e o acesso à saúde.

Quanto ao primeiro, há o exemplo dos imigrantes japoneses nos Estados Unidos. “Eles apresentam um índice de câncer de próstata superior ao dos homens que vivem no Japão. Isso é um paradoxo, porque originalmente essa etnia e a indígena formam um grupo no qual a incidência da doença é até 70% menor em relação à branca. Por essa razão, é fundamental que a população negra fique um pouco mais atenta em relação à importância do diagnóstico precoce”, comenta Persio Freitas.