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Pandemia reduz em mais de 50% diagnósticos e tratamentos de câncer

A procura por exames de diagnóstico e tratamentos de câncer teve uma redução acima de 50% desde o início da pandemia de coronavírus. Por conta do medo de contrair a Covid-19, muitas pessoas estão deixando de ir ao médico e de fazer os acompanhamentos necessários. No Espírito Santo, um dos reflexos dessa situação é que tratamentos oncológicos não estão sendo iniciados. De acordo com o gerente do 

Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), Vilmar Ribeiro, a clínica registrou uma redução no volume de atendimentos de novos pacientes desde o início da quarentena. “Tivemos uma queda em torno de 45% no número de pacientes em início de tratamento durante a pandemia”, disse Vilmar Ribeiro. Para a radio-oncologista Anne Karina Kiister Leon, os cuidados oncológicos não podem parar ou serem postergados, uma vez que a doença é crônica e pode até matar. “O risco de adiar o início do tratamento é ele se tornar mais difícil para a pessoa, pois o tumor pode ficar maior. A orientação é o paciente receber todos os cuidados oncológicos e continuar sua investigação, seus exames de seguimento, sem se esquecer da prevenção à Covid-19: lavar bem as mãos, usar máscara, passar álcool gel, evitar aglomeração, chegar à clínica somente no horário de atendimento e ir logo embora assim que terminar a sessão. E sempre que tiver dúvida, perguntar ao médico assistente”, orienta Anne Kiister. 

Dra Anne Kiister Leon, médica do IRV

Diagnósticos

Já os diagnósticos de câncer tiveram uma redução entre 50% a 90% no Brasil nos últimos dois meses, por causa da pandemia de coronavírus. A estimativa foi feita pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), que apontam que ao menos 50 mil pessoas desconhecem que estejam com alguma neoplasia. As cirurgias caíram em torno de 70%. Somente no A.C. Camargo Cancer Center, hospital de referência em São Paulo, a redução de exames chegou a 87% e de novos pacientes, 65%. “Basicamente são dois motivos que explicam essa situação. Um deles é o medo de contrair o coronavírus. Com isso, as pessoas acabam deixando exames preventivos e de rotina para frente. A outra razão é que muitos serviços médicos estão trabalhando com redução de pessoal e de procedimentos. Então, eles atendem menos pacientes e diagnosticam menos”, explica Anne Kiister. De acordo com a médica, a consequência da falta de diagnóstico é que tumores acabam sendo descobertos em estágios mais avançados. 

Nestes casos, tratamentos com intuito curativo já não são mais eficazes, e as opções ficam mais restritas e agressivas. “A orientação é que as pessoas observem quais são as alterações no próprio corpo e que procurem atendimento médico, fazendo seus exames de prevenção, de seguimento oncológico. Não dá para parar o tratamento porque o câncer continua crescendo, se desenvolvendo. É importante preveni-lo ou tratá-lo de forma mais inicial possível”, afirma a especialista.