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Prevenção de cicatrizes em cirurgias

Muitas mulheres reclamam do surgimento de queloides depois de passarem por cirurgias, como para colocação de próteses de silicone. O novo tecido que se forma no local onde foi realizado o corte se parece com um inchaço endurecido e de cor rosada. É dolorido e às vezes provoca coceira. Mas, esse incômodo pode ser prevenido por meio de uma técnica chamada betaterapia. O rádio-oncologista Nivaldo Kiister, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), dá os detalhes.

O que é a betaterapia?

É uma técnica radioterápica não invasiva que vem sendo utilizada com sucesso para evitar queloides e cicatrizes no pós-operatório.

Para quem ela é indicada?

Para qualquer pessoa que está se preparando para um procedimento cirúrgico e, principalmente, para aquela que possui histórico familiar ou pessoal de queloide. O encaminhamento é feito pelo cirurgião plástico.

Que resultado pode ser alcançado?

Consegue-se uma restituição perfeita do tecido da pele em cerca de 80% e 90% dos casos.

Como é realizado o tratamento?

Uma placa de estrôncio (fonte radioativa) de 1,5 cm é colocada em contato com a área afetada, emitindo partículas beta na camada da pele, onde estão as células responsáveis pela formação de cicatrizes.

Quantas sessões são necessárias?

O tratamento é composto, ao todo, de dez sessões, que são realizadas com intervalos de 24 horas. O tempo dispensado depende do tamanho da cicatriz. Mas, cada aplicação dura mais ou menos 10 segundos.

Elas são realizadas antes ou depois da cirurgia?

Para prevenir, devem ser iniciadas até 48 horas após a cirurgia. De nada adianta aplicar a técnica sobre um queloide já formado. Nesse caso, há outras alternativas que podem amenizar o problema.

Que alternativas são essas?

Para a cicatriz já formada, recomenda-se uma cirurgia de remoção seguida de sessões de betaterapia, que inibirão o desenvolvimento de novo queloide.

Existe algum risco ao paciente, uma vez que é usada uma fonte radioativa?

O procedimento é simples, indolor, pode ser aplicado em qualquer região do corpo e não gera nenhum risco ao paciente. A radiação só penetra na pele e, por isso, até crianças que se submetem à cirurgia plástica por causa de queimaduras podem fazer este tipo de tratamento.

A betaterapia tem outras aplicações?

Sim. Ela também é adotada após a cirurgia para a retirada de pterígio, uma doença nos olhos que tem como principal característica o crescimento sobre a córnea de um tecido fibromuscular esbranquiçado.

Se alcançar e cobrir a pupila, a pessoa deixará de enxergar com o olho afetado, sendo necessária a intervenção cirúrgica. A utilização desta radiação no pós-operatório tem o objetivo de reduzir a revascularização e contribui para que este procedimento seja bem-sucedido.