O anúncio da quarentena de 14 dias no Espírito Santo, feito esta semana pelo governador Renato Casagrande, não vai mudar o tratamento do câncer. De acordo com o médico Carlos Rebello, diretor clínico do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), pacientes não devem interromper suas sessões por causa das novas restrições. “O IRV não pode nem deve parar suas atividades, pois o combate ao câncer é um serviço essencial. Vamos manter o tratamento dos
pacientes tomando máxima precaução e cuidados, como uso da máscara, higienização das mãos e equipamentos, e distanciamento”, explicou Carlos Rebello, especialista em radioterapia.
No IRV foi criado um fluxograma de entrada em que pacientes e acompanhantes são abordados com medidas de temperatura e questionamentos específicos referentes a contatos com pessoas e sinais e sintomas de febre.
“Cuidados de higiene também são lembrados aos pacientes por nossa equipe, como uso de máscara, álcool gel ao chegar e ao sair do consultório, bem como evitar a permanência por longo período na clínica, manter distanciamento de dois metros e higiene pessoal ao chegar em casa”, destacou o médico.
Esse cuidado tem razão de ser. Pacientes oncológicos são suscetíveis a quadros mais graves da infecção por Covid-19 e suas complicações. Por isso fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus.
Menos sessões
De acordo com Carlos Rebello, protocolos que permitem a redução no número de sessões de radioterapia (hipofracionamento) já estão sendo adotados na clínica desde o início da pandemia, há um ano. “O objetivo dessa medida é justamente reduzir o número de idas dos pacientes até o serviço médico, para que ele possa se preservar”, pontuou o diretor clínico.
No ano passado, durante a fase mais restrita da pandemia, muitos pacientes abandonaram o tratamento ou adiaram por conta própria, retornando em situações mais complicadas meses depois. Carlos Rebello voltou a alertar para que as pessoas não deixem de comparecer às sessões neste período de quarentena, que vai até 31 de março. “Temos que ter ciência que o câncer não vai aguardar a quarentena passar para progredir. Não podemos mudar a rotina. Mantivemos desde o início da pandemia cuidados e orientações direcionados à Covid-19, sempre alertando sobre essa delicada situação”, destacou.